terça-feira, novembro 01, 2005

O SEUZÉ POR MIM

Uma das coisas mais complicadas de se fazer numa banda, com certeza é um release legal. É uma tarefa muito difícil conseguir passar, o mais parcial e sintético possível, o que é o grupo. Eu sempre tomei a iniciativa de fazer os releases das bandas em que toquei e nunca consegui ir além de um elogio de si mesmo, enqüanto banda.

Decidi comprar o desafio e escrevi o novo release oficial do SeuZé. O resultado está o mais factual, sintético e parcial que consegui.
Essa vai ser a primeira leitura que os produtores e mídia de fora terão da banda quando começarmos a enviar o CD para as outras regiões.
Espero que gostem.

RELEASE

Antes de qualquer coisa o SeuZé é uma banda que toca música sem se preocupar com a amplitude de significações e abrangência de estilos que o nome música sugere. Se para alguns a diversidade musical pode implicar em falta de identidade ou personalidade, para os Zés a lógica é outra. E não poderia ser diferente. Ora, como esperar que quatro indivíduos com gostos e referências musicais completamente diferentes produzam um som uniforme que possa ser tachado ou enjaulado em determinado segmento?

É assim, na contramão do que geralmente ocorre com grupos em início de carreira – formados pelas afinidades – que, desde 2003 o SeuZé, originado em Natal, vem construindo um trabalho sólido a partir das diferenças dos seus músicos. A banda tem a consciência de que em arte não existe originalidade, no máximo pioneirismo. Tudo é referência, reinvenção. É nesse sentido que o grupo não teme assumir a influência que sofre de artistas que, por mais que aparentem não estar em sintonia ou contemporaneidade, se encontram na perpendicular do bom gosto.

O primeiro CD do grupo, Festival do Desconcerto, lançado pelo selo potiguar Mudernage Diskos, aponta para esse caminho: mais o assumir de diferenças e influências do que um projeto utópico de originalidade. No primeiro trabalho do SeuZé pode-se constatar, sem muito esforço, a ironia de um Noel Rosa ou Mutantes, a indignação de Chico Buarque e Radiohead, a melodia de Caetano Veloso e Los Hermanos, o peso do Sepultura e do Muse, a cadência de Luiz Gonzaga, B. B. King e Chico Science, ou ainda, e por que não, o imaginário de Stanley Kubrick.

Lipe Tavares, FeLL, Augusto Souza e Xandi Rocha vêm, nesses três anos de carreira, conseguindo firmar o SeuZé como um dos nomes mais representativos da atual música independente nordestina. Fato é que o grupo tem sido alvo de matérias da mídia especializada de diversos estados do Brasil. A participação da banda, no ano de 2005, em alguns dos mais importantes festivais do país, como a Feira da Música (CE) e o TIM MADA (RN), atesta o bom momento. Também são prova do reconhecimento que os Zés têm conseguido, as 8 indicações, que receberam, em 2004 e 2005, a uma das mais importantes cerimônias musicais do Nordeste, o Prêmio Hangar de Música.

A máxima do SeuZé é, sem dúvidas, a de fazer música sem se preocupar se ela vai se chamar samba, xote, rock, tango ou vai ser simplesmente anônima. Se ela tiver o apelido de bom gosto e soar doce aos ouvidos e se mostrar inteligente aos olhos, é c’est fini, fim de papo.


DISCOGRAFIA

SeuZé (Demo). 2003. Independente.
Coletânea Bronzeador Virtual (CD-R/Coletânea virtual). 2004. DoSol Records.
Realidade Não Tão Paralela (EP). 2004. DoSol Records
Coletânea Virtual Papa – Jerimum/Tim Mada 2005 (CD-R/Coletânea virtual). 2005. Rock Potiguar.
Festival do Desconcerto (CD). 2005. Mudernage Records.

6 comentários:

Anônimo disse...

tudo novo, hein!
Adorei mesmo... ta mais a sua cara. o clima do blog ficou bem legal mesmo. e viva seuze (nao tem acento no meu trabalho)!!!
bjos, menino, ate sexta feira, vou ver o show de vcs!

Anônimo disse...

Parabéns, Lipe! Ficou simplesmente perfeito o release! Conseguiu descrever bem demais a banda e sua proposta musical, de uma forma criativa, imparcial e objetiva. Não esperava menos de você.
Bjs!

Anônimo disse...

É Lipe, realmente como disseram as outras pessoas, conseguiste passar da forma mais simples e pura o que é o SeuZé. E para mim a melhor coisa da banda é a NÃO determinação da música e sim a salada musical com bastante qualidade, e bote qualidade nisso... Esses degraus que vocês subiram nesses 3 anos são apenas alguns dos milhares que ainda subirão.O sucesso de vocês hoje é mínimo em comparação ao de amanhã
Beijos!

Anônimo disse...

Ei, Felipe, legal o blog, vc escrece bem cara. Recebi o link através da sua mensagem do orkut. Lendo isto aqui, eu me lembrei que a gente se conhece desde a 1º série - isso faz tempo, hehehe. E reparei que eu não sei quase nada sobre vc, apesar de te conhecer a tantos anos. A vida é louca assim, mesmo. Agora, já sei um pouco mais sobre vc. beijo

Anônimo disse...

Adorei!!! O release e ter te encontrado ontem, por acaso, hihihi. Acho que tou meio sem palavras...então...apenas...: adorei. =)
=*******

Anônimo disse...

Li, reli e achei ótimo. Principalmente, qd fala que a banda não tá interessada em se enquadrar em um paradigma musical, um modismo ou qualquer coisa desse tipo. Temos q acabar com essa historinha de enquadramento, de ter a obrigação de se encaixar em algum modelo. É isso aí! Valeu!!