quarta-feira, maio 24, 2006

NOTINHAS - 4 X 1

- Meio que vindo de encontro ao post anterior, ontem aconteceu uma invasão de sem-terras à Secretaria Estadual de Assuntos Fundiários e de Apoio à Reforma Agrária. Cerca de 200 membros do MST se instalaram nas dependências da secretaria, alguns deles portanto facas e pedaços de pau. Eles reivindicavam promessas não cumpridas de desapropriação de terras. Detalhe: as desapropriações são jurisdição do Governo Federal. Depois de despertarem o medo dos funcionários e a curiosidade da imprensa, partiram em marcha rumo ao INCRA, o lugar correto para os protestos.
Já sabe. Se esse blog passar alguns dias desatualizado, considere a possibilidade de eu estar refém do MST.

- Está cada vez mais insuportável parar nos semáforos da cidade. Raros são os cruzamentos que não abrigam aquela massa de desempregados sedenta para pôr a mão no seu pára-brisa. Ao invés de limparem os vidros eles acabam sujando tudo e, muitas vezes, danificam os limpadores dos carros. Em alguns sinais, como os que ficam em Ponta Negra, na rótula de entrada para a Via Costeira, vez ou outra aparece um carro da Guarda Municipal, o que faz com que os flanelas fujam em debandada. Já ouvi falar sobre alguns casos de mulheres terem sido assaltadas e de serem costumeiramente insultadas pelos ditos cujos. O pior de tudo é quando , vez ou outra, eu me pego desviando, inconscientemente, do caminho mais lógico para os meus destinos para evitar parar em sinais cuja abordagem é tida como certa.

- A cada dia, a cada nova leitura, me surpreendo com a genialidade de Honoré de Balzac. Há uns dias comecei a reler Eugenie Grandet e estou me deliciando com as ricas criações de personagens feitas pelo francês que universalizou a expressão “mulher de trinta anos”. Quem ainda não conhece a obra do autor e está interessado a se iniciar nos trabalhos do gênio, aconselho começar por Pai Goriot e Eugenie Grandet, ambos fáceis de se encontrar e com leitura não muito densa. A coleção “obras-primas” da Martin Claret, que é bem acessível, editou esses dois livros há pouco tempo. A Biblioteca Central da UFRN também dispõe de um acervo generoso das obras de Balzac. Outra boa pedida é procurar pelo filme “Balzac, Uma Vida de Paixão”, que vez ou outra é exibido no Eurochannel e é estrelado por Gerard Depardieu. Fica a dica. Falo sério!

- Cheguei a iniciar a leitura de O Código da Vinci, mas por falta de tempo não consegui progredir na obra. Sobre o filme, boa parte das críticas que li afirmam que ir ao cinema sem ter consumido a obra de Dan Brown não é uma boa pedida. Como são poucos os críticos que levo a sério, devo ir ver o filme antes da segunda tentativa de ler o livro.

terça-feira, maio 23, 2006

AS EXCEÇÕES DAS REGRAS

No mês de agosto completarei três anos de trabalho no serviço público. Até agora, tem sido um período muito bom, de experiências e constatações interessantes.

O tempo que passei prestando serviços ao Estado foi suficiente para eu perceber que a imagem de serviço público que reina no senso comum não é uma regra. Tive a oportunidade de trabalhar numa pasta de governo extremamente comprometida e eficiente e, de certa maneira, me sinto responsável por ajudar a posicionar o Rio Grande do Norte como modelo nacional e internacional quando o assunto é políticas eficazes de reforma agrária.

É lógico que também pude constatar de maneira prática o porquê de o serviço público ser esteriotipado de maneira tão negativa. É de indignar qualquer poço de paciência, ver indivíduos se escorarem na ineficiência da fiscalização da máquina pública e – como dizem os antigos – não darem um prego numa barra de sabão. Para a minha surpresa, porém, essa realidade foi irrisória em 33 meses de experiência.

Uma coisa que pude observar e sempre me deixou bastante indignado é a possibilidade real de contenção de despesas do serviço público. É impressionante como os funcionários que detém cargos de chefia possuem regalias que oneram as contas públicas. Carros de LUXO e celulares à disposição. Se em cada pasta dos governos estaduais fosse feito um esforço no sentido de conter certos gastos, apareceriam recursos que faltam para pôr em prática muitos projetos. O pior de tudo é que essas regalias e gastos são tão comuns quanto legítimos. Não há contestação, nem mesmo peso na consciência dos beneficiados diretos. É tudo perfeitamente legal.

* * *
Outro dia, encontrei com um colega de faculdade no ônibus. Além de conversarmos sobre História e vida acadêmica, papeamos também sobre trabalho. Além de pretendente a historiador ele também é funcionário público. Mas as semelhanças com este que lhe escreve cessam aí.

O meu colega de faculdade tem um cargo de chefia, deve ganhar cerca de dez vezes mais do que eu e não parece se lembrar que existe um carro novinho à sua disposição, oferecido pelo povo potiguar. Seu automóvel estava no conserto e ele, deliberadamente, não viu problemas em tomar alguns ônibus e deixar os veículos do Estado quietinhos nos seus lugares.

quarta-feira, maio 17, 2006

DOWNLOADS PARA TODOS

Há alguns meses venho relutando contra a lerdeza do eMule e a instabilidade do Soulseek. Para a minha sorte, tenho baixado muita coisa legal por outros meios.

Há cerca de um mês recebi um convite para participar de uma comunidade excelente de troca de arquivos por meio de torrents (clique aqui se não souber sobre o que estou falando), o Brasil-Share. Na página da comunidade você encontra apenas os links que apontam para os arquivos que estão nos computadores dos usuários. A política de transferência que eles adotam é bem interessante e justa. Para continuar no grupo, os integrantes têm que compartilhar pelo menos a mesma quantidade que baixaram. Se você baixou dois filmes que juntos somam 2 GB, terá que compartilhar os mesmos 2 GB. Já peguei muita coisa boa. Nas últimas duas semanas baixei a 1ª temporada completa de ROMA (série recentemente exibida pela HBO) e os 5 primeiros episódios de Star Wars, além de alguns episódios de Lost. O único porém é que os cadastros só podem ser feitos por membros da comunidade. Se tiver algum conhecido com convite disponível, implore por um que vale à pena.

De tão empolgado com as possibilidades que o Brasil Share oferece, diminuí um pouco o ritmo de downloads de músicas. Mas, com a descoberta dos blogs de MP3, suponho estar voltando à mania de colecionar discografias completas de artistas com os quais me identifico.

A partir do momento em que as grandes gravadoras se valeram de recursos jurídicos para tentar conter os prejuízos causados com a difusão dos arquivos MP3s e similares, proibindo o funcionamento de sistemas como o Napster, uma ótima solução para quem não quer se privar das benesses dos downloads de músicas, são os blos de MP3. Os usuários desses blogs aproveitam os serviços gratuitos de armazenamento de arquivos como o Mega Upload e o Radid Share, transformam em MP3 os seu antigos e raros LP’s – em alguns casos CD’s – e postam em suas páginas os links para o bem bom. Seguem abaixo alguns links para bons blogs de MP3 que já encontrei.

Aproveite!

terça-feira, maio 16, 2006

COMPROMISSO PÚBLICO

Quando ingressei na UFRN em 2001, desconhecendo as possibilidades de trabalho que o curso de história poderia me proporcionar, estava decidido a ser um especialista em Arqueologia e na História do Egito. Viajar para Cairo e adjacências e descobrir restos mortais de antigos faraós, estavam entre os meus projetos de trabalho.

O tempo foi passando e a cada disciplina que me despertava o interesse, o projeto de vida mudava. Várias foram as áreas de atuação que me seduziram.

Meio sem perceber, meio sem querer aceitar, aos poucos, como uma amante implacável, a música foi me desviando o interesse pela vida acadêmica. O resultado foi um curso mal feito e totalmente improvisado. Depois que tranquei a primeira disciplina, ainda no segundo período de curso, sucederam-se uma série de abandonos e desistências. Outro dia, quando peguei um histórico, bateu uma tristeza ao ver a seqüência de trancamentos e reprovações por falta.

O pior de tudo não são as estatísticas em si, mas o fato de eu me sentir preso durante todo esse tempo por me sentir ligado à UFRN. Não me sinto totalmente à vontade para investir em outros trabalhos e projetos, sabendo que a minha história acadêmica ainda não acabou. Tudo só acontecerá de verdade depois da conclusão: concursos públicos, estudo de música. O mais complicado é observar que apesar de oficialmente ligado à universidade, mal gasto tempo com ela. O resultado é que diminuí muito as leituras paralelas ao curso que, eu costumava fazer com todo gosto até os primeiros semestres de vida acadêmica. Começo a ler algo que me interessa, me empolgo, no fim sempre me censuro por constatar que o tempo que estou usando para tal atividade poderia ser aplicado na conclusão do curso.

Já se vai um ano e meio desde que comecei a escrever a minha monografia e nesse intervalo de tempo não fiz nada realmente bem feito, como queria fazer. Fico com a monografia inacabada e não me sinto livre para dedicar-me de verdade a outros projetos.

Ontem à noite fui à UFRN e, sem querer, percebi que as últimas visitas que fiz à instituição foram para trancar disciplinas, pegar declarações ou utilizar os serviços do Centro de Convivências.
Para sair de uma vez por todas desse calvário, assumo aqui um compromisso público. Dou a minha palavra a você que visita esse blog, que até o final de 2006 finalizarei o meu trabalho de conclusão de curso. Conto com a sua cobrança!

segunda-feira, maio 15, 2006

APELO ÀS NOTINHAS

Um dos grandes problemas com o qual sempre tive que lidar para manter os meus blogs é o fato de eu ter uma dificuldade enorme de síntese. Não me contento em escrever poucas linhas sobre determinado assunto, sabendo que poderia ir além não fossem as circunstâncias de sempre, tais quais falta de tempo e preguiça. Na maioria das vezes ocorre de eu abandonar projetos de posts pela metade. Portanto, sempre que me aparecerem fatos que mereçam destaque aqui no blog, mas não necessitem de um texto muito extenso, estarei me valendo do velho artifício das notinhas. Aí vão as primeiras. Espero que funcione.


- A lista dos convocados para a Copa do Mundo me satisfez. Só faria apenas duas alterações: tiraria Ricardinho, dando chance a Alex e colocaria Junior no lugar de Gilberto, para ser o reserva de Roberto Carlos na lateral esquerda.

- O Discoteca Básica é, com certeza, um dos melhores sites de música do país. Lá, Ricardo Schott resenha discos dos mais variados artistas e segmentos. Com um rico conhecimento de bastidores e estórias da música, Ricardo dá uma aula a cada post. Só para constar, Schott esteve em Natal no ano passado cobrindo o Festival DoSol. Eu já devia ter indicado esse site antes mas nunca me lembrava.

- Os meus planos de a qualquer momento me mudar para São Paulo com a banda podem ficar menos concretos depois do novo ataque do PCC. O negócio está tão brabo que as empresas de ônibus acabaram de anunciar que não haverá frota para amanhã. Imagina o caos que será uma cidade com 20 milhões de habitantes sem um ônibus sequer nas ruas.

- Tom Yorke, vocalista do Radiohead, vai lançar um disco solo em julho desse ano. Ótima notícia! Ainda esse ano deve sair o novo álbum da banda, fato que desmente – pelo menos à primeira vista – os boatos em torno do provável fim da banda com a investida de Yorke em trabalho solo.

- Se tudo correr como programado, ainda esse ano estarei seguindo os passos do carinha do Radiohead. Gravarei um disco só com canções minhas que penso não se encaixarem no trabalho do SeuZé. Se é cedo para isso, não sei. O fato é que não quero deixar de fazê-lo enquanto tenho condições. Qualquer novidade, com certeza trarei para cá.

- Jenny Wren, canção do último álbum de Paul McCartney, é uma das mais belas que ouvi em minha vida. Se tiver como, ouça essa música.

- Sugestões musicais: God Only Knows (Beach Boys), Jenny Wren (Paul McCartney), Itacimirim (A Cor do Som).

terça-feira, maio 09, 2006

CONSIDERAÇÕES SOBRE O MADA

Por estar muito envolvido com a produção do show do SeuZé, mal pude assistir aos shows das outras bandas nessa edição do MADA. Mas, pelo que pude conferir e já conhecia de antemão, acho que a escalação das bandas foi feliz. Por mais que o meu gosto não tenha sido satisfeito, a programação foi coerente e mapeou legal a cena independente do país.

Gostei pra caramba do Moptop (RJ), Ímpar (MG), Los Porongas (AC), Filhos da Judith (RJ).

Não me entra de jeito nenhum todo o hype em torno do Cansei de Ser Sexy (SP). Performance forçada e execução deplorável. Definitivamente não vou a um show de música com o intuito maior de rir. Acho que todos puderam ver que no show do CSS o que menos importa é a música. Para completar, tive o desprazer de ficar em um quarto no mesmo corredor do das mocinhas. Como falam alto!

Das bandas potiguares, só pude acompanhar os shows dos Bonnies e do Revolver. O show dos primeiros foi muito fraco. Essa história de desleixe PREMEDITADO já deu no saco e atrapalhou a apresentação. O som estava ruim, a execução não foi das melhores e a interação com o público foi, como de costume, péssima. Já o Revolver fez um show muito bom, apesar de uns problemas técnicos no início da apresentação e de estarem todos muito nervosos antes de subir ao palco.

Não pude ver todo o show do Cachorro Grande, mas até onde conferi estava tudo muito mediano. Até hoje ainda não me acostumei com o vocal de Beto Bruno. Eu já estava muito cansado, ou talvez esteja ficando velho e chato para ouvir tanta gritaria.

O Biquini Cavadão mostrou ser competente no que se propõe a fazer, mas não satisfez o meu gosto, também. Como diria Marcos Bragatto, “a maior banda de baile dos últimos tempos” foi a protagonista do que deve ter sido a maior interação banda-público da história do festival. O porém: tudo isso às custas das canções de terceiros. São inegáveis o carisma de Bruno Gouveia e a maneira como a banda desperta a empatia do público. Mas, conseguir isso através de um repertório composto quase que exclusivamente por covers, diminui para bem menos da metade os méritos da questão. Acredite se quiser, mas eu nunca estaria satisfeito em ter uma resposta daquelas através de um trabalho que não é meu. Não dá mesmo!

O pouco que vi da apresentação de Pitty não me cativou muito. Salvo um bom cover de “Stockholm Syndrome”, do Muse, não vi maiores feitos. Tentando ser imparcial, levando em consideração que não sou muito fã do trabalho da cantora, devo admitir que o show foi bom e a participação do público foi bem bonita.

Não pude ver os shows de Nando Reis, Pavilhão 9 e do Rappa.

Sobre as outras apresentações, ou as bandas não me chamaram a atenção ou não tive oportunidade de conferir.

No geral o saldo foi positivo e o MADA deu mais um passo importante para se consolidar como um dos maiores festivais de música do país. Só espero trabalhar menos e estar mais disposto para acompanhar melhor as atrações do ano que vem.