terça-feira, maio 23, 2006

AS EXCEÇÕES DAS REGRAS

No mês de agosto completarei três anos de trabalho no serviço público. Até agora, tem sido um período muito bom, de experiências e constatações interessantes.

O tempo que passei prestando serviços ao Estado foi suficiente para eu perceber que a imagem de serviço público que reina no senso comum não é uma regra. Tive a oportunidade de trabalhar numa pasta de governo extremamente comprometida e eficiente e, de certa maneira, me sinto responsável por ajudar a posicionar o Rio Grande do Norte como modelo nacional e internacional quando o assunto é políticas eficazes de reforma agrária.

É lógico que também pude constatar de maneira prática o porquê de o serviço público ser esteriotipado de maneira tão negativa. É de indignar qualquer poço de paciência, ver indivíduos se escorarem na ineficiência da fiscalização da máquina pública e – como dizem os antigos – não darem um prego numa barra de sabão. Para a minha surpresa, porém, essa realidade foi irrisória em 33 meses de experiência.

Uma coisa que pude observar e sempre me deixou bastante indignado é a possibilidade real de contenção de despesas do serviço público. É impressionante como os funcionários que detém cargos de chefia possuem regalias que oneram as contas públicas. Carros de LUXO e celulares à disposição. Se em cada pasta dos governos estaduais fosse feito um esforço no sentido de conter certos gastos, apareceriam recursos que faltam para pôr em prática muitos projetos. O pior de tudo é que essas regalias e gastos são tão comuns quanto legítimos. Não há contestação, nem mesmo peso na consciência dos beneficiados diretos. É tudo perfeitamente legal.

* * *
Outro dia, encontrei com um colega de faculdade no ônibus. Além de conversarmos sobre História e vida acadêmica, papeamos também sobre trabalho. Além de pretendente a historiador ele também é funcionário público. Mas as semelhanças com este que lhe escreve cessam aí.

O meu colega de faculdade tem um cargo de chefia, deve ganhar cerca de dez vezes mais do que eu e não parece se lembrar que existe um carro novinho à sua disposição, oferecido pelo povo potiguar. Seu automóvel estava no conserto e ele, deliberadamente, não viu problemas em tomar alguns ônibus e deixar os veículos do Estado quietinhos nos seus lugares.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é... exceções existem. Ainda bem, né? Bem legal a atitude do seu colega!
Cá entre nós, também nunca gostei de utilizar veículos do estado pra nada q não fosse relacionado ao trabalho, apesar de até poder fazê-lo (afinal, todo mundo faz). Incluindo o percurso casa-trabalho, trabalho-casa, q sempre preferi fazer utilizando meu carro, ou ônibus, quando necessário. Por que não?
Sobre a questão das regalias, o q, pra mim, torna a situação mais revoltante é ver, enquanto as tais regalias são distribuídas a torto e a direito, faltar material de trabalho, muitas vezes até o básico. E imagine o q é ver alguns poucos utilizando carros de luxo e, enquanto isso, vc próprio ou seus colegas terem q deixar de realizar um trabalho pq o carro q deveria ser utilizado está quebrado ou, pasme, sem gasolina. Enfim... Quem foi q disse q o mundo é justo? =/
Bem bacana o texto, Lipe!
Bjs!